Texto publicado no livro Vidas Precárias: experiência da arte na esfera pública. Luiz Cláudio da Costa (org.) Rio de Janeiro, Arquivo Nacional/PPGArtes/ Modos. 2021. Já no início das escavações necessárias à reforma da atual região do porto do Rio de Janeiro, que começaram em 2011 como obras preparatórias para as Olimpíadas de 2016, veio à tona o que restou dos antigos Cais do Valongo e Cais da Imperatriz − este último, sobreposto ao primeiro. O do Valongo foi o principal cais de desembarque de africanos cativos em todas as Américas e é também o único preservado materialmente. Hoje tratado como sítio arqueológico, foi construído, em 1811, para atender à crescente demanda das lavouras de café e cana-de-açúcar, assim como das minas da região, que usavam mão de obra escrava. O cais e o mercado, por onde passaram cerca de quinhentos mil africanos para serem negociados, fizeram do Rio de Janeiro a principal cidade de entrada e venda de escravizados, produzindo uma memória que deixou marcas indeléveis nas relações sociais de poder, enquanto exploração dos corpos, do trabalho e da cultura negra, exploração referendada no racismo estrutural que ainda hoje constitui nossas relações sociais.
Imagen, colonialismo y resistencia: Texto publicado en el libro Vidas precarias: la experiencia del arte en la esfera pública. Luiz Cláudio da Costa (org.) Rio de Janeiro, Arquivo Nacional/PPGArtes/ Modos. 2021. Desde el inicio de las excavaciones necesarias para la reforma de la actual región del puerto de Rio de Janeiro, que comenzaron en 2011 como obras preparatorias para los Juegos Olímpicos de 2016, emergió a la superficie los restos de los antiguos muelles do Valongo y da Imperatriz, este último superpuesto al primero. Valongo fue el principal muelle de desembarque de cautivos africanos de toda América y es también el único que en la actualidad se conserva materialmente. Hoy en día, es considerado un sitio arqueológico. Fue construido en 1811 para satisfacer la creciente demanda de las plantaciones de café y caña de azúcar, así como de las minas de la región, que explotaban la mano de obra esclava. El muelle y el mercado, por donde se comercializaron alrededor de medio millón de africanos, convirtieron a Rio de Janeiro en la principal ciudad de entrada y venta de esclavos, lo cual resultó en una memoria que ha dejado marcas indelebles en las relaciones sociales de poder, mientras se explotaban los cuerpos, el trabajo y la cultura negra, una explotación respaldada por el racismo estructural que todavía hasta el día de hoy conforma nuestras relaciones sociales.
palabras clave: Valongo, esclavitud, negritud.
Image, Colonialism and Resistance: The text was published in the book Vidas Precárias: experiência da arte na esfera pública. Luiz Claudio da Costa (org.) Rio de Janeiro, National Archive/PPGArtes/ Modos. 2021. At the beginning of the excavations required to renovate the current port area of Rio de Janeiro, which began in 2011 as preparatory work for the 2016 Olympics, the remains of the former Valongo Pier and Empress Pier — the latter superimposed on the former — have come to light. The Valongo was the main wharf for the unloading of African captives in all the Americas and is the only one materially preserved. Now treated as an archaeological site, it was built in 1811 to meet the growing demand for coffee and sugar cane plantations, as well as for the mines of the region, which used slave labor. The wharf and the market, through which about five hundred thousand Africans passed through to be traded, made Rio de Janeiro the main city of entry and sale of slaves, producing a memory that left indelible marks in social power relations, as the exploitation of bodies, labor, and black culture, exploitation referenced in the structural racism that still today constitutes our social relations.
key words: Valongo, slavery, blackness.